domingo, 22 de maio de 2011

A Malvada

Era conhecida por sua maldade sem limites. Não escolhia a quem, qualquer um era alvo de suas maldades. Em sua família o pai era alvo de deboche constante por conta de sua forma física. A mãe era ridicularizada por sua vida sem sal e monótona e seu irmão mais novo, pelo fato de ainda ser virgem, era chamado de viado. A revolta do irmão era crescente vendo seus pais sofrerem tantos abusos verbais, mesmo se sacrificando para que ele e a irmã tivessem uma boa vida. Tinha decidido que toda aquela maldade tinha que ter um fim. Pensou várias vezes em como faria, e não chegava a uma conclusão. Sua mãe chamara para jantar. Sabia que mais uma vez ouviria uma sessão de desaforos da irmã. Sentou à mesa com sua família e começou a se servir. Não haviam passados 10 minutos e a irmã começou seu discurso debochado contra ele e seus pais. - Chega! – gritou ele batendo a mão na mesa. Pegou a faca reservada para cortar o frango que estava na mesa e enfiou-a no pescoço da irmã. Mesmo ensangüentada ainda ruminou algumas palavras contra seu irmão e no último suspiro não havia sequer uma gota de arrependimento.
Mesmo morrendo cheia de maldades destiladas, sua família optou por um enterro digno. Devido as suas maldades, ninguém compareceu ao seu enterro, nem mesmo seu irmão, que não sentia remorso por seu ato. Apenas a mãe acompanhou o velório e o enterro, chorando e se perguntando onde havia errado, pois não entendia o por que de tamanha maldade no coração da filha. Velou e acompanhou a o corpo da filha até a sepultura, onde teria seu descanso eterno.
Porém, ao invés do descanso, sua alma foi para o lar das almas cheias de ódio e rancor, o purgatório, onde deveria permanecer até conseguir sua absolvição. Mas tamanha maldade chamou a atenção de Mefistóphelis, senhor do inferno. Trazida por seus demônios até a presença do demônio, não se assustou ao se deparar com o senhor das trevas. Mefistóphelis se admirou com a atitude da garota. Decidiu que toda aquela maldade deveria ser aproveitada de outra maneira do que uma eternidade de tormento no purgatório. Decidiu transformá-la em uma Hell Child, uma critaura que ao retornar a Terra ceifaria a alma de humanos para o lado de fogo eterno. Ela recebeu uma espada negra, forjada por Mamon, o regente do oitavo círculo infernal. O destino da garota era ser na Terra a imagem perfeita do senhor do inferno. Ela foi treinada e ensinada nos atos da mais profunda crueldade e, terminado sua preparação, foi enviada a Terra para por fim ceifar almas. A garota que continha todo o mal dentro de si, delirava de prazer a cada vítima feita. Era prazeroso ver suas vítimas suplicando por suas medíocres vidas. Sem sentir nenhum remorso, desferia contra suas vítimas golpes mortais com sua espada infernal. Seu caminho de morte e destruição não teria fim. Ela se preparava para ceifar mais uma alma, uma velha senhora que chegava em casa com suas compras. Era uma alma pura, diferente de todas as outras que já havia ceifado. Isso a deixou com mais prazer em ceifá-la. Desembainhou sua espada negra e preparou o golpe mortal, quando foi atingida por um raio de luz que a arremessou metros de distância. Levantou-se e viu a criatura de luz que se formava a sua frente. Um homem com mais de 2 metros de altura, vestia uma armadura dourada, que contrastava com sua pele morena. O homem andou em sua direção e falou com uma voz que transmitia paz e tranqüilidade.
- Essa alma não será tocada por sua espada negra.
Ela se levantou num pulo se colocando em posição de ataque. O homem apenas sorriu, enquanto ela bradava que nada nem ninguém ficaria em seu caminho. Com um sorriso calmo no rosto, o homem esticou sua mão fazendo surgir uma espada de fogo em pleno ar e assumiu posição defensiva. Com raiva em seus olhos, a demônia exigiu saber quem era o ser que atrapalhava sua colheita de almas.
- Meu nome e Thal – disse o homem sorrindo – e eu sou o anjo da guarda dessa senhora.
O anjo abriu o par de asas gigantescas perante a demônia. Olhando o anjo com suas asas abertas, a demônia foi tomada por uma sensação de terror que nunca havia sentido antes, mesmo perante ao próprio senhor das trevas. Controlando seu medo, ela atacou o anjo com sua espada negra, usando toda força que possuía. O anjo repeliu o ataque e em um movimento quase imperceptível, atingiu a demônia com sua espada de fogo. Ela sentiu um nó em sua garganta, olhou para baixo e viu seu corpo virar pó. O anjo a olhava enquanto o vento levava suas cinzas para o esquecimento. Abriu a mão que segurava a espada de fogo fazendo-a desaparecer. Olhou para o céu e decolou sorrindo, mais uma alma havia sido salva.

1 comentários:

Mariana Bortoletti disse...

Bahhh, legal!! :D

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